Etimologia
A palavra espírito tem sua raiz etimológica do Latim "spiritus", significando "respiração" ou "sopro", mas também pode estar se referindo a "alma", "coragem", "vigor" e finalmente, fazer referência a sua raiz no idioma PIE *(s)peis- (“soprar”). Na Vulgata, a palavra em Latim é traduzida a partir do grego "pneuma" (πνευμα), (em Hebreu (רוח) ruah), e está em oposição ao termo anima, traduzido por "psykhē".
A distinção entre a alma e o espírito somente ocorreu com a atual terminologia judaico-cristã (ex. Grego. "psykhe" vs. "pneuma", Latim "anima" vs. "spiritus", Hebreu "ruach" vs. "neshama", "nephesh" ou ainda "neshama" da raíz "NSHM",
Filosofia
Espírito é definido pelo conjunto total das faculdades intelectuais. Ele é frequentemente considerado como um princípio ou essência da vida incorpórea (religião e tradição espiritualista da filosofia), mas pode também concebida como um princípio material (conjunto de leis da física que geram nosso sistema nervoso).
Na Antiguidade, o sopro e o que ele portava (o som, a voz, a palavra, o nome) continha a vida, seja em protótipo, em essência ou em potência (mítica). No tronco judaico-cristão das religiões diz-se que Deus soprou o barro para gerar o (ser no) homem. Dar um nome aos seres vivos ou não, emitir o som do nome (i.e, chamar por um nome, imitar as vozes animais, mimetizá-los, fazer do nome onomatopeia, apresentar-lhes na língua, dar-lhes uma palavra que lhes chame etc), fazer soar pela emissão do sopro vocal, significava possuir (ter o que é deles, a carne, a voz, i.e., ser-lhes o proprietário). Assim, diz-se também que ao dar nomes aos animais, o Homem ancestral, tomou deles a posse, tomou deles algo, deu-lhes a representação, o espírito.
O parecer dos tricotomismo.Uma concepção bem popular em círculos protestantes
conservadores tem sido denominada concepção “tricotomista”.
Os homens são compostos de três elementos. O primeiro
elemento é o corpo físico. A natureza física é algo que
temos em comum com os animais e as plantas. A diferença é de
grau, já que os homens têm estrutura física mais complexa. A
segunda parte da pessoa humana é a alma. Esse é o elemento
psicológico, a base da razão, da emoção, das relações
sociais etc. Pensa-se que os animais têm uma alma
rudimentar. A posse de uma alma é o que distingue os homens
e os animais das plantas. O que distingue a humanidade dos
animais não é o fato de possuirmos uma alma mais complexa,
mais desenvolvida, mas o fato de possuirmos um terceiro
elemento, a saber, um espírito. Esse elemento religioso
permite aos homens perceber questões espirituais e reagir
aos estímulos espirituais. Trata-se do centro das qualidades
espirituais do indivíduo, visto que os traços de
personalidade residem na alma.
Uma porção considerável do tricotomismo depende da
metafísica grega antiga. Exceto por alguma referência
explícita ocasional, no entanto, a influência dos filósofos
gregos não transparece de imediato. Na realidade, o
fundamento mais importante do tricotomismo são certas
passagens que ou enumeram três componentes da natureza
humana ou fazem distinção entre alma e espírito. Um texto
básico é 1 Tessalonicenses 5.23: "O mesmo Deus da paz vos
santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam
conservados íntegros e °irrepreensíveis na vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo" (veja tb. Hb 4.12). Além disso, uma
trifurcação parece estar implícita em 1 Coríntios 2.14-3.4,
onde Paulo classifica as pessoas humanas em "carnais"
(sarkikos), "naturais" (psychikos -lit. "da alma") ou
"espirituais" (pneumatikos). Esses termos parecem fazer
referência a diferentes funções ou orientações, se não a
componentes diferentes dos seres humanos.
O tricotomismo tomou-se particularmente difundido entre os
pais alexandrinos dos primeiros séculos da igreja. Embora as
formas variem um pouco, o tricotomismo é encontrado em
'Clemente de Alexandria, Orígenes e Gregório de Nissa. A
idéia caiu em certo descrédito depois que Apolinário a usou
na construção de sua cristologia, considerada herética pela
igreja. Apesar de alguns dos pais orientais a terem mantido,
o conceito sofreu um declínio geral quanto à popularidade,
até ser reavivado no século XIX, por teólogos"ingleses e
alemães.
O parecer dos dicotomismo.
É provável que a concepção mais difundida na maior parte da
história do pensamento cristão é a de que os homens são
compostos de dois elementos: um aspecto material, o corpo; e
um componente imaterial, a alma ou espírito. O dicotomismo
foi comum desde os tempos mais remotos do pensamento
cristão. Após O Concílio de Constantinopla em 381, porém,
cresceu em popularidade a ponto de ser praticamente a crença
universal da igreja.
Formas recentes de dicotomismo sustentam que o Antigo
Testamento apresenta uma concepção unitária da natureza
humana. No Novo Testamento, entretanto, essa concepção
unitária é substituída por um dualismo: os homens são
compostos de corpo e alma. O corpo é a parte física; a parte
que morre. A alma, por outro lado, é a parte imaterial, a
parte que sobrevive à morte. É essa natureza imortal que
separa a humanidade de todas as outras criaturas.
Muitos dos argumentos a favor do dicotomismo são, em
essência, argumentos contra a concepção tricotomista. O
dicotomista objeta ao tricotomismo alegando que, seguindo o
princípio de que cada uma da referências destacadas em
versículos como 1 Tessalonicenses 5.23 representa uma
entidade distinta, surgem dificuldades com alguns dos outros
textos. Por exemplo, em Lucas 10.27 Jesus diz: "Amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma,
de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento". Aqui
temos não três, mas quatro entidades, e é difícil
harmonizá-los com os três de 1 Tessalonicenses. Aliás,
apenas um deles se repete: a alma. Além disso, "espírito" e
também "alma" são empregados em relação à criação bruta. Por
exemplo, Eclesiastes 3.21 refere-se ao espírito dos animais.
Os termos espírito e alma muitas vezes parecem ser usados de
forma intercambiável. Note, por exemplo, Lucas 1.46,47, que
tem todos os indícios de um caso de paralelismo: "A minha
alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em
Deus, meu Salvador". Aqui, os dois termos parecem
praticamente equivalentes. Há muitos outros casos. Os
componentes básicos da natureza humana são designados corpo
e alma em Mateus 6.25 e 10.28, mas corpo e espírito em
Eclesiastes 12.7 e 1 Coríntios 5:3, 5. A morte é descrita
como entrega da alma (Gn 35.18; 1Rs 17.21; At 15.26) e como
entrega do espírito (SI 31.5; Lc 23.46). Às vezes, a palavra
alma é usada de tal forma que parece equivaler à própria
pessoa ou à sua vida: "Pois que aproveitará o homem se
ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Mb 16.26). Há
referências a perturbações no espírito (Gn 41.8; Jo 13.21) e
a pertur¬bações na alma (SI 42.6; Jo 12.27). ¬
Embora teólogos liberais façam distinção bem clara entre
alma e corpo, como duas substâncias diferentes, e alguns
deles, especialmente Harry Emerson Fosdick, tenham
substituído a doutrina tradicional da ressürreição do corpo
pela da imortalidade da alma, os conservadores não levam tão
longe a concepção dualista. Apesar de crerem que alma é
capaz de sobreviver à morte, continuando viva em um estado
desencamado, os conservadores também aguardam a ressurreição
futura. Não é ressurreição do corpo versus sobrevivência da
alma. Antes, ambos são etapas distintas no futuro da humanidade.
Um modelo alternativo: unidade condicional
Precisamos agora tentar juntar algumas conclusões e formar
um modelo plausível. Notamos que, no Antigo Testamento, o
indivíduo humano é visto como uma unidade; No Novo
Testamento aparece a terminologia de corpo/alma, mas ela não
pode ser associada à idéia de existência encarnada e
desencarnada. Embora às vezes se faça um contraste entre o
corpo e a alma (como na afirmação de Jesus em Mt 10:28), nem
sempre os conceitos são distintos de maneira tão clara.
Além disso, na maior parte dos casos a Escritura parece
retratar ss homens como seres unitários. Raramente
menciona-se a natureza espiritual deles independentemente ou
à parte do corpo.
Tendo afirmado isso, no entan.to, precisamos também lembrar
daquelas passagens que destacam o aspecto imaterial dos
seres humanos que é separável de sua existência material. A
Escritura indica que há um estado intermediário entre a
morte e a ressurreição. Esse conceito de um estado
intermediário não entra em conflito com a doutrina da
ressurreição, pois o estado intermediário (i.e.,imaterial ou
desencarnada) é um estado claramente incampleto ou anormal
(2 Cor 5.2-4). Na ressurreição vindoura (1 Cor 15), a pessaa
receberá um corpo novo ou aperfeiçoado.
Todas as gamas das dados bíblicos acomodam-se melhor na
concepção que denominaremos "unidade condicional". De acordo
com essa concepção, nosso estado é um ser unitário
materializado. É significativo que as Escrituras não nos
instiguem em lugar nenhum, a fugir ou escapar do corpo, como
se ele fosse de alguma forma inerentemente mau. Essa
condição monística pode, porém, ser quebrada - fato que
ocorre na morte, de modo que o aspecto imaterial continua
vivendo, mesma quando a matéria se decompõe. Na
ressurreição, contudo, haverá um retorno para a condição
material ou corpórea. A pessaa assumirá um corpo que, em
alguns aspectos, será uma continuação do antiga corpo, mas
também será um corpo novo, reconstituído ou espiritual. A
solução para a variedade de dados nos registros bíblcos não
é, portanto, a imortalidade da alma ou a ressurreição do
corpo. Em harmonia com o que tem sido a tradição ortodoxa
dentro da igreja, é ambas.
Que tipo de analogia podemos empregar para nos ajudar a
compreender essa idéia ou esse complexo de idéias? Uma, às
vezes usada, é a do composto químico em contraste com uma
mistura de elementos. Em uma mistura, os átomos de cada
elemento retêm suas características distintas, porque mantêm
sua identidade distinta. Se a natureza humana fosse uma
mistura, as qualidades espirituais e físicas seriam, de
alguma forma, distinguíveis, e a pessoa poderia agir ou como
ser espiritual ou como ser físico. Por outro lado, num
composto, os átomos de todos os elementos implicados assumem
novas combinações para formar moléculas. Essas moléculas têm
características ou qualidades diferentes das de quaisquer
dos elementos de que são compostos. No caso do saL de mesa
comum (o composto cloreto de sódio), por exemplo, não se
pode detectar as qualidades do sódio ou do cloro. É
possível, porém, quebrar o composto, pelo que se obtém
novamente os elementos originais com suas características
distintas. Essas características incluiriam a natureza
venenosa do cloro, ao passo que o produto composto não é
venenoso.
Podemos pensar que cada ser humano é um composto unitário de
um elemento material e outro, imaterial. O elemento
espiritual e o físico nem sempre são distinguíveis, pois o
homem é um ser unitário; não há conflito entre a natureza
material e a imaterial. O composto pode, porém, ser
dissociado: a dissociação ocorre na morte. Na ressurreição
será formado um novo composto, com a alma (se escolhermos
esse nome) voltando a ser inseparavelmente ligada ao corpo.
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